Como se articulam as perspetivas em avaliação educacional?

Análise Crítica do artigo: Acerca da articulação de perspectivas e da construção teórica
em avaliação educacional de Domingos Fernandes.

Como se “unem”, “relacionam” e “discutem” as perspetivas da avaliação educacional em  avaliação educacional?

Se a articulação é o construto de um sujeito que procura apropriar-se de um sentido, então a dimensão analítica e fragmentada dará lugar a uma inteligibilidade integradora que
procura superar dicotomias, a evidenciar pelas respostas de uma dimensão operativa.
Assim, distinguir, separar, diferentes abordagens avaliativas para, precisamente, as poder
reagrupar e integrar e para as poder utilizar adequadamente quando a avaliação está no
terreno (Fernandes, D. 2010:18), aponta para uma finalidade que conduz a prática
avaliativa para o reconhecimento, credibilidade e utilidade do seu “fazer”.

Fazer avaliação exige um conhecimento de cada perspetiva/abordagem, como instrumento heurístico, cujo saber do campo conceptual/teórico, metodológico, social e político, orientam e redirecionam opções presentes e futuras, através do contato com o que em si já é a representação contextualizada da própria história do campo da avaliação. A complexidade dos fenómenos sociais, e a necessidade do seu conhecimento facilitador de uma ação consciente e responsável, exigirá o uso de ferramentas adequadas, e uma acepção de razão crítica aberta ao jogo de significados e intencionalidades, face a uma realidade dinâmica e contextualizada.

A teoria capaz de construir sentidos será a que encontra na diversidade metodológica e
conceptual a riqueza que permite construir uma comunidade de conhecimento, capaz de
promover a autoavaliação do seu agir concertado. Parafraseando Fetterman: “There isn’t a qualitative world and a quantitative world. There is one world. In addition, you can’t be a
purist or an ideologue; you must use any appropriate tool available. Sometimes, you’re
mixing these methods to triangulate — to test or rule out rival hypotheses”. (FitzpatricK, J.
2009: 115).

As situações concretas a avaliar, determinadas pela especificidade dos seus contextos e
propósitos, e pelas características dos stakeholders…, encontram-se imersas num contexto ecológico de desenvolvimento marcado quer por factores de proteção, quer de risco. Num ambiente social e económico tóxico, de desconexão entre os diferentes sistemas, as redes familiares, os serviços de apoio, a Escola, tornam emergente a necessidade de se valorizar todos os contributos para a construção de settings que permitam efetivamente melhorar as suas vidas, e que reconstruam os polos de decisão com a dinâmica do rigor, da utilidade, da exequibilidade e da fundamental adequação ética.

A avaliação, enquanto modo de produzir e comunicar informação, e de contribuir para a
constituição de diferentes contextos coerentes e articulados, nunca será inócua, como tal
deverá constituir-se como regulação promotora da justiça social e melhoria que se objetiva nas sociedades, transformando-se em prática reflexiva e pragmática, sem que para tal seja colocada ao serviço de uma intencionalidade que a use como “instrumento de domesticação” subjacente a interesses privados e circunscritos. A acessibilidade ao seu modus operandi e modus faciendi transporta consigo a possibilidade da mudança para melhores formas de agir e pensar na esteira da criatividade, autenticidade, assertividade e do dinamismo capazes de desenvolvimento.

Mª João Pires Mendes

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